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EQUIPE HELIO FERNANDO

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quarta-feira, 8 de junho de 2016

E SE JIGORO KANO NÃO TIVESSE CRIADO O JUDÔ?

ARTIGO INÉDITO




E SE JIGORO KANO NÃO TIVESSE CRIADO O JUDÔ?


No final do Século XIX, quando Mestre Kano resolveu desenvolver o Judô, as Artes Marciais, assim ditas, encontravam-se em relativo declínio no Japão.

Um pouco devido ao processo de ocidentalização daquele país, onde um dos exemplos que podem ser verificados é o fato de que as famílias mais abastadas enviavam seus filhos para estudar na Europa, onde se defrontaram e absorveram novos hábitos culturais. Vide o próprio jovem Jigoro Kano, que foi estudar em Londres.

E outros dois fatores, que talvez possam explicar este decaimento das Artes Marciais Japonesas naquele período, foram:

(1) A rigidez do treinamento das Escolas existentes, marcadas acentuadamente pelo Bushidô 1 , e pelo princípio VENCER OU MORRER, o que não incentivava, indivíduos que não desejassem se tornar literalmente Guerreiros; Acho que eu vou inventar o Karaokê!

(2) O caráter secreto e iniciático dos Ryus 2 , transformando-os em quase Seitas, onde alguém para ser admitido, deveria passar por testes muitas vezes “quase mortais”, e jurar uma fidelidade absoluta. Isso, sem falar que determinadas Escolas só ensinavam aos seus familiares, mantendo com isso a estrutura de Clãs.

Neste contexto, Mestre Kano quebrou diversos paradigmas:

ESPORTE MARCIAL

O Judô não é simplesmente mais uma Arte Marcial e sim um Esporte Marcial.

E qual a diferença?

Uma Arte Marcial prepara Guerreiros. Já um Esporte Marcial prepara Pessoas, para que as mesmas lidem melhor com as adversidades da vida, se sintam bem consigo mesmas e contribuam para um Mundo melhor.

O princípio da Arte Marcial naquele momento histórico, era VENCER OU MORRER (Shin-Ken-Shobu 3). E o princípio aplicado ao Judô foi o da VITÓRIA PELO PONTO PERFEITO (Ippon-Shobu 4).

Assim como na Vida, um passo de cada vez, um ponto a cada dia, ganhando e perdendo, treinando e se superando.

Logo, podemos concluir neste item, que as escolas Tradicionais tinham por objetivo final MATAR os seus adversários, enquanto que o Judô nasceu com o objetivo de que todos possam se desenvolver e VIVER em plenitude e paz.

PENSANDO NA BASE DA PIRÂMIDE


Jigoro Kano desenvolveu seu Novo Esporte, pensando naqueles que não tinham o perfil padrão das Artes Marciais Tradicionais.

Portanto, ao invés de pensar no extrato de excelência da população atlética, ou seja os mais fortes, ele pensou na Base da Pirâmide, o cidadão normal, os mais fracos, os menos habilidosos.

Com isso democratizou o acesso, criando um método que contrapõe Força com Técnica.

Entretanto, não excluiu os fortes de seu Esporte, pois os mesmos também têm espaço garantido dentro do Judô, passando a usar sua Força aliada a Técnica.

Mantendo também vivo dentro do Judô, aspectos relevantes do Bushidô, principalmente os relativos aos conceitos Força Mental e/ou Força Interior (Ki 5).

O JUDÔ PARA O MUNDO – SE REVELAR PARA CRESCER


Desde de seu nascimento, o pensamento foi expor o Judô ao Mundo como uma Arte Marcial sem segredos.

Foi descaracterizar o Judô de quaisquer aspectos nacionais, religiosos, raciais, sectários ou de gênero.

E para reforçar esta retórica, ao formar seus primeiros Professores, Jigoro Kano os enviou para todos os cantos do Mundo com o propósito de disseminar o novo esporte.

Enquanto as outras Artes Marciais tinham várias restrições para ensinar aos Gaijins 6 , Jigoro Kano e o Judô tinham nos Estrangeiros um dos seus principais alvos.

Com isso tornou o Judô uma propriedade mundial. Ao ponto de hoje dizermos que existe um Judô Japonês, um Judô Francês, um Judô Canadense, um Judô Russo...

No Brasil, além de termos um Judô Brasileiro, a criatividade nacional desenvolveu mais um vigoroso Esporte, através do Jiu Jitsu Graice, posteriormente denominado BJJ - Brazilian Jiu Jitsu.

E isso tornou e torna o Judô muito forte!

Enquanto as outras Artes Marciais se escondiam, o Judô se expunha, se mostrava e se transformava.

E talvez o maior exemplo desta vontade de tornar o Judô um Esporte Mundial, tenha sido o entendimento da base da dinâmica do pensamento ocidental, através do desenvolvimento de uma estrutura de Graduações com Faixas Coloridas, que posteriormente foram adaptadas pela maioria das outras Artes Marciais: Aikidô, Karatê, Taekwondo...

Imagino o sacrifício para um oriental analisar e entender a necessidade desta transformação, uma vez que a base do pensamento no oriente preconiza que o crescimento e a evolução humana devem ser interiores; enquanto que no ocidente a evolução precisa ser quantificada e demonstrada de maneira exterior, para que seja melhor valorizada.

Não vamos aqui querer argumentar qual pensamento filosófico esta mais ou menos correto. Mas podemos concluir que é um grande choque cultural.

Vejam o Judogui que Jigoro Kano usou na KODOKAN durante toda a sua vida.

Alguém sinceramente acha que um Homem que usa este Kimono, se importa com a Cor da Faixa que alguém usa?

Entretanto Mestre Kano transpôs esta dualidade, mirando sempre na globalização do Judô.

UM JUDO PARA TODOS OS OBJETIVOS


Quer Emagrecer – FAÇA JUDÔ

A Criança é Muito Agitada – FAÇA JUDÔ

A Criança é Muito Parada – FAÇA JUDÔ

Precisa Melhorar a Autoestima – FAÇA JUDÔ

Aumentar a Psicomotricidade – FAÇA JUDÔ

Diminuir o Stress – FAÇA JUDÔ

Melhorar o Convívio em Sociedade – FAÇA JUDÔ

Defesa Pessoal – FAÇA JUDÔ

Encontrar Amigos – FAÇA JUDÔ

Treinar Nível de Competição – FAÇA JUDÔ

Treinar Leve e sem Maiores Compromissos Competitivos – FAÇA JUDÔ

Contribuir para um Mundo Melhor – FAÇA JUDÔ

Criado com base em princípios EDUCACIONAIS, o Judô entende e atende a diversos e ilimitados perfis humanos. Aceitando as pessoas como elas são e acreditando que cada um de nós pode ser melhor amanhã.

Ai neste ponto, voltamos a pergunta do nosso título:

E SE JIGORO KANO NÃO TIVESSE CRIADO O JUDÔ?

Bem, para começar, por mais óbvio que seja, não estaríamos conversando sobre este assunto agora.

Desculpem a gracinha, mas foi para deixar o texto mais leve... kkkkkk

E além disso:

  • Ainda viveríamos na Idade Média das Artes Marciais;
  • O Mundo não disporia de uma excelente ferramenta transformadora, reconhecida pela UNESCO como “melhor esporte na formação inicial de crianças e jovens de 4 a 21 anos”;
  • O Brasil teria menos 19 Medalhas Olímpicas;
  • Outras nobres Artes Marciais criadas ou expandidas no final do século XIX e início do século XX, teriam seus desenvolvimentos prejudicados. Sei que isso é papo para um outro artigo, mais Shiran Funakoshi (Criador do Karatê Shotokan) e O-Sensei Ueshiba (Criador do Aikidô) treinaram no KODOKAN e rederam suas homenagens a Jigoro Kano pela excelência do Judô;
  • O BBJ – Brazilian Jiu Jitsu não existiria;
  • E por fim TODOS NÓS seriamos Órfãos e Bebês Chorões!

Afinal, aonde a gente ia fazer um “RANDORI LEVINHO” (*) e depois aquela hidratação básica?

Aguardo suas críticas, comentários, discussões e tudo mais que vocês quiserem falar.

OSS!

VOTE & ESCOLHA:


Decida o assunto do próximo ARTIGO INÉDITO:

(1) Questionando a classificação das técnicas. KOSHI GURUMA é realmente uma técnica de KOSHI WAZA? E o TAI OTOSHI. Não seria uma técnica mista?

OU

(2) Os Tempos Atuais. As mudanças introduzidas após o falecimento do Grande Shiran foram realmente boas para o Judô? Ou empobreceram o Caminho Suave?

NOTAS:

Bushidô 1 - Literalmente, “caminho do guerreiro”, é um Código Moral e modo de vida para os Samurais, a classe guerreira do Japão feudal. Define os parâmetros para os Samurais viverem e morrerem com honra.

Ryus 2 - Cada uma das escolas de Arte Marcial, no caso de Ju Jutsu o ancestral do Judô. No final do século 19, cada Professor ensinava Ju Jutsu de uma forma, com técnicas específicas e próprias. Um Ryu era um conjunto destas técnicas. Um estilo de Ju Jutsu.

Shin-Ken-Shobu 3 - Forma como era entendido um combate de Ju Jutsu, onde não importava se haveria danos ou a morte de um dos combatentes.

Ippon-Shobu 4 - Forma como era entendida uma luta de Judô, onde busca-se o Ponto Perfeito (IPPON) mas sem comprometer a integridade física de nenhum dos Lutadores.

Ki 5 - Força / Energia Vital, presente em todos os seres humanos e que o Bushidô ensina a canalizar nas técnicas de Ataque e Defesa.

Gaijins 6 - Estrangeiro, Cidadão não Japonês.

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